Profissão: contar com a sorte
75% dos jovens brasileiros querem ganhar dinheiro como influenciadores, segundo pesquisa da INFLR

A monetização se tornou a nova meta entre os jovens. Mas isso é uma febre mundial, já que pesquisas de outros países tem resultados semelhantes à do Brasil, onde 75% dos jovens querem seguir a carreira de influenciadores.
A vida editada da internet e a ilusão dos números de curtidas e engajamento faz com que um post viralizado seja o suficiente para que criadores de conteúdo saiam da escola ou tranquem seus cursos na faculdade.
Mas no outro lado temos a classe alta investindo mensalmente na educação dos seus filhos, mandando eles para as melhores faculdades, dentro e fora do país. Com isso, o setor de educação privada cresce no Brasil, e eles são introduzidos desde pequenos a mais de uma língua, cultura, administração, pensamento crítico e liderança, por exemplo.
Mas está errado o filho do pobre sonhar em ganhar 3 mil reais de monetização em uma rede social que ele fez cadastro de forma gratuita, no conforto da sua casa, sem precisar perder horas em um transporte público para ganhar um salário mínimo em um trabalho que ele provavelmente nem gosta? Não, não está…
No YouTube são 113 milhões de canais ativos no Brasil, onde apenas 3 milhões são remunerados. Um canal com um milhão de inscritos ganha em média $6.000,00 mensais, sendo R$33.000,00 reais na cotação atual. Parece incrível né, mas apenas 800 canais possuem a marca de mais de um milhão de inscritos, ou seja 0,26% de todos os canais ativos no país.
Já o tiktok paga entre 0,2 e 0,4 centavos de dólar para cada visualização em perfis monetizados.
Mas para contar o usuário precisa ter mais de 18 anos, 10 mil seguidores e 100 mil visualizações nos últimos 30 dias nos vídeos, e os conteúdos precisam ter um minuto ou mais de duração. Um vídeo com 1 milhão de views pode gerar até entre US$ 20 e US$ 40, no máximo R$230,00. Foram registrados mais de 91 milhões de usuários ativos na plataforma em 2024, mas 66% desses perfis não estão qualificados para monetização.
Como uma pessoa que trabalha com marketing e já atendeu influencers com milhões de seguidores eu posso afirmar que é absurdamente difícil seguir mantendo um perfil relevante por muito tempo. As empresas estão cada vez mais atentas a quem elas vão atrelar suas marcas e o público não se entretém mais com o básico. Nenhuma ideia original permanecerá original muito tempo na internet e o que está dando muito certo hoje pode não funcionar amanhã, por uma simples atualização da plataforma.
Mas existe quem não abandone a ideia de “viver de internet”. Pessoas que cresceram assistindo garotos da sua idade conquistando mansões com a monetização de suas lives e esquecem que muitos fatores contribuíram para a pessoa chegar onde está. Fatores que muitas vezes fogem do nosso controle, como questões sociais, estéticos e principalmente sorte. Se fosse fácil teríamos muito mais “virginias” por aí.
Se esse fosse o caminho mais rápido e seguro, os ricos não estariam investindo em educação. Até mesmo os grandes influencers que conseguiram vencer e hoje possuem uma grande comunidade consolidada não apostam todas as suas fichas em um único lugar. Eles investem, se renovam, abrem empresas, aplicam os rendimentos e fazem um “pé de meia” para o futuro instável.
O tempo não espera enquanto você tenta a sorte! Não invista todas as suas fichas em um único sonho. Se você está nessa caminhada eu te desejo toda a sorte do mundo, persista e continue criando. Mas tenha sempre um plano B, você não vai ser jovem pra sempre, pode ser que amanhã uma experiência em carteira te faça muita falta, pois explicar para o entrevistador que o motivo de você nunca ter trabalhado foi porque você “estava tentando a sorte” dificilmente irá te render a vaga.